LÍRICAS DE RAZÃO

As vírgulas indecisas invalidam as pautas,

nas rondas incabíveis pela rua injusta.

Não leu, não quis, não creu

nas vias da harmonia do plebeu.

A fortuna atroz de ironia incauta...

As raízes frágeis que a incerteza custa...

Há linhas riscadas no breu

e em néctar que o ébrio sorveu.

A seiva ofídica de letal conduta

transita em veias de inssossa puta,

cuja guia desusada amoleceu,

como aceita e acomoda o hebreu.

Que coragem estranha valida a luta

e arvora o peito da gente astuta

completa o riso forçado do filho seu

nas juras da fé que escolheu...

E o corpo adentra em fria gruta

do luto expresso na frase culta.

O peito de pedra não sucedeu

o desejo inflexível do eu.

Entre densas melodias que acompanham a flauta,

bebem as doses de libido que a beleza frustra.

E, já que o brilho no corpo adormeceu,

vale as vezes do sentir que envileceu.

Luís César Padilha
Enviado por Luís César Padilha em 08/02/2009
Reeditado em 22/02/2009
Código do texto: T1428662
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