violette
eu não respiro de fato
sem faces unidas
e pestanas coladas
nos lapsos de sentimentos em pétalas
tem-se ar
eu me desmancho
em nichos violáceos na praia
um corpo
pode ser uma vastidão
em areia tingida
cruzando lilases
com grãos marfins
onde se constrói castelos
e ouve-se o mar em concha de mãos
a onda é a grande sina cavalgada
os destroços em areia
coagulando no véu d’água
ainda assim
formações inusitadas de um castelo
um sonho pode transgredir
o desfecho do não sentir
e expor o peito aberto
para o beijo das águas
e maçãs do rosto
espumando em sorrisos
sinto os cabelos
colhendo no vento
indomável amante
este teu olhar de cavalo-marinho
é meu
algo assustado
com as possibilidades das ondas
algo doce
encontrado no âmago
de tua essência-flor
alternando os passos
no correr que se liquefaz na praia
nossos caminhos se encontram
tua seiva perfumada
é minha troca de pele
eu te criei
eu te nomeei
eu sou tu mesma
violette