violette

eu não respiro de fato

sem faces unidas

e pestanas coladas

nos lapsos de sentimentos em pétalas

tem-se ar

eu me desmancho

em nichos violáceos na praia

um corpo

pode ser uma vastidão

em areia tingida

cruzando lilases

com grãos marfins

onde se constrói castelos

e ouve-se o mar em concha de mãos

a onda é a grande sina cavalgada

os destroços em areia

coagulando no véu d’água

ainda assim

formações inusitadas de um castelo

um sonho pode transgredir

o desfecho do não sentir

e expor o peito aberto

para o beijo das águas

e maçãs do rosto

espumando em sorrisos

sinto os cabelos

colhendo no vento

indomável amante

este teu olhar de cavalo-marinho

é meu

algo assustado

com as possibilidades das ondas

algo doce

encontrado no âmago

de tua essência-flor

alternando os passos

no correr que se liquefaz na praia

nossos caminhos se encontram

tua seiva perfumada

é minha troca de pele

eu te criei

eu te nomeei

eu sou tu mesma

violette

Iva Tai
Enviado por Iva Tai em 08/02/2009
Código do texto: T1428593
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