INFÂNCIA
Minha alma precisa
comer algo sólido
como o mormaço do sol
na tarde quente.
Lembranças da infância
no buracão,
taboas no fundo,
filetes de água,
areia,
cavernas,
minas,
nome de ribeirão
das flores hoje nações
sem noção.
Muita largura
pouca profundidade.
Na minha lembrança,
vidros de pirilampos,
eu amava Vera,
de veras!
Vero!
Minha coragem era
não ter medo de brigar,
a coragem de Vera
era brigar
no Ribeirão das Flores
hoje
Avenida Nações Unidas.
O Ribeirão não tinha flores
as nações não são unidas
faltas irremediáveis
fomes insaciáveis.
Vera mora no Rio.
Sorrio.
Só.