SER PERENE (Poema Védico)

SER PERENE

(Poema Védico)

A luz vem do olhar de uma fera acuada

que aguça os sentidos da carne que assanha...

É como galgar dentro d’alma enjaulada

a encosta escarpada de rude montanha.

Os lobos vorazes dos vãos pensamentos

são rasgos de raios num céu sem lampejos...

Mil potros selvagens no dorso dos ventos

tangidos por cães de sangrentos desejos.

Os cumes dos montes são gumes da mente

que traçam no céu azimutes perdidos...

Faróis que se acendem nos vãos da torrente

que invade a planície sem luz dos sentidos.

Voeja entre nuvens de braços abertos

conquista o infinito, degrau por degrau...

Transforma as areias de imensos desertos

num lago escorrendo entre sons de cristal.

É como um cometa luzente no espaço

que a luz abrangente de um raio devora...

O ser se dilui no infinito regaço

e Deus se revela de súbita aurora!

A. Estebanez

Afonso Estebanez
Enviado por Afonso Estebanez em 08/02/2009
Código do texto: T1427644
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