Mulheres de Esquinas

numa noite de lua tosca,

bem valente, perdi o que mais

amava: é história de mouros,

mas é minha. é história

de passar, mas é desdouro !

ela, igual lua beijada,

veio de mansinho,

e disse asnos e pasmos,

de minha vida pouco enfeitada.

e disse tudo, e disse mais

e disse o que não devia,

o amor que era para ficar

sem ademais,

escorreu-se, desvaneceu-se,

sem quero mais.

de quieto eu fiquei,

não sou apologista

pra com mulher discutir,

principalmente quando

braveja uma alcovista.

homem sou,

mas tem limites.

homem fiquei

mas, de todo,

acho que chorei.

foi uma noite de lascar,

tudo que eu julgava dela

escorreu pelo rio

de seixos envergados,

de seiva envenenada.

na minha vida,

de idas e voltas,

era a terceira

que perdia,

no bailes de deuses

enciumados

e sem eiras.

então, quando ela

se foi, fui eu ficar

sozinho !

beiras de zeus!

lascivos arcanjos

dos céus

teus.

um homem só,

é homem perdido,

um homem só,

é homem dos

feridos.

assim hoje,

passada a

tempestade,

nunca mais

de paixão

alentei.

então,

vivo sozinho.

e de mulher

só confio

naquela de vinténs,

pois, por mais

guerreira que sejam,

nunca são ferrenhas

destruidoras de

paixao,

fazedora de reféns.

que mágoa

doedora:

agora fico

nas esquinas

de copos,

danço a valsa

do amanhã,

com fêmeas

de restituição.

José Kappel
Enviado por José Kappel em 21/04/2006
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