POEMA ANTIGO

Tem a noite, a cama, o ar condicionado,

o conforto do quarto,

mas eu só quero os cigarros,

o desabafo no papel

e as lágrimas de vinagre.

Tem a noite, a lua e seu luar,

o violão guardado sem usar,

a televisão, os livros...

tem até a rua e a vontade de andar,

mas não posso sair

porque estou nua.

Mãos sem movimentos para tocar,

o resto, sem atrativos

aos meus sentidos.

E eu, durante o dia,

me disfarço e rio,

até faço graça

e digo a mim, no espelho:

"Deixa, que isso passa..."

Uma lágrima escorre

para dentro dos olhos.

Eu sufoco a mágoa

que me morde o peito,

na marca dos dentes,

me enterro inteira,

me sepulto viva

no fundo do peito,

e me escondo sempre,

muito sem-vergonha!

Já sou velha e feia

e ninguém descobriu.

* este poema é tão antigo, estava perdido...deve ter mais de 20 anos.

NINNA SOPHIA
Enviado por NINNA SOPHIA em 07/02/2009
Reeditado em 08/02/2009
Código do texto: T1426111
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