CINISMO
A vida acena
Cínica me mostra o fulgor da juventude
Passa em rosto tudo o que tive
E há algum tempo se perdeu
Meus cabelos choram tingidos pelos ombros
Os olhos se amiúdam para o céu
As minhas mãos são pedintes
Lançando-se para o alto
O silêncio me responde
Companheiro de angústias e de perdas
Idioma estranho, esse do mundo _
Imerso em sons hostis,
Nada me diz
Absorvo veneno
Pensando ser o néctar
Da flor-de-lis
A tudo falta sentido
Perdida em águas sem rumo
A madrugada afoga no cosmos
Dor
Pranto
Gemido
Mistura-se às nuvens
A vela rota do meu barquinho
O temporal nos leva abraçados
No torvelinho