A Morte
C’o vento frio que sopra
Veio à noite, esperada
Num desespero cético e sombrio
De sons do silêncio carregada...
Para envolver por findo preparada
Veio com braços estendidos
Sem licenças pedir, sem mais nada
Impondo seu grito aturdido
Veio, como se dona fosse da hora
Do último suspiro de um bravo
Que lutado tenha, desde a aurora
Entrega-se à ela, sem um gemido
Ceifando o que pretendido
Carrega-o nos braços c’o afago
Levando p’ra sempre o vencido
Deixando a saudade, o urdido
No colo dos mais amados
A Morte tragou-me um amigo...
(Com muitas saudades do meu amigo Leonardo Marques)