Espelho de Jó
Estou, agora
em frente ao espelho
de mim mesmo.
Sob o aço
de abraços
tão incertos, quanto a esmo.
Se correr,
não sei se posso
e é por isso
que permaneço.
Se querer,
não sei se faço
no avesso
ou no começo.
Que sou,
além do que
tento parecer
por me esconder
de dores minhas?
Onde vivo
tão relapso?
Por que não
alcanço enfim?
Vago e, passível de acalantos,
me lanço na sarjeta
e me deito na descrença.
Pois o coração
entrego em erro e
o escarro me convém;
de cigarros
e améns,
preciso mais de mim
do que daquele deus.
Ora, herege sou
e, no espelho,
nego o sacro!
Analógico ao dorsal reflexo -
na corcunda inóspita -
onde meu pulmão
tenta se valer.
Posto que hoje
morrer não vale,
querer não existe
e a garrafa já secou.
Já não há
mais cartas suicidas,
nem o entorpecer
de almas perdidas
nos lagos de Hades.
Há tudo que se fez
e o mundo em que nos perdemos.