QUE DIRIA ANNE FRANK?
Anne Frank de Amsterdã,
menina mártir do horror,
no auge do seu calvário
ainda assim acreditou
no ser humano solidário.
Anne Frank, flor menina,
foi vítima de um holocausto,
tendo gravado, com sangue,
o acontecimento infausto
no seu diário, já exangue.
Anne Frank chora agora
o massacre palestino
perpetrado por seu povo
que comete o desatino
na Faixa Gaza, sem estorvo.
Anne Frank é o pequeno Mohamed
coberto de sangue, assustado,
tirado de escombros da escola
entre corpos mutilados
de uma pacata aldeola.
Anne Frank são os órfãos
famintos e esfarrapados
nos campos de refugiados
sem ajuda humanitária,
no desespero enjaulados.
Anne Frank são as crianças
em palco de cena dantesca -
são mais de trezentas mortas
sem comover a soldadesca
que avança de porta em porta.
Anne Frank a si pergunta,
menos de um século depois
do holocausto judeu:
Meu Deus, por que tanto flagelo,
o meu povo enlouqueceu?
Por que tanto ódio e paixão
se somos primos-irmãos
vindos do mesmo tronco,
seja Ismael ou Isac,
os dois filhos de Abraão?
Anne Frank a si responde:
seja o ódio cruel esquecido
e banido pra sempre o terror
a guerra não tem sentido,
prevaleçam a paz e o amor.
Finalmente ela diria
os dois povos têm direito
ao seu chão, por lei divina,
junto ao estado judeu aceito,
que haja a pátria palestina.
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Segue-se um trecho do Diário de Anne Frank:
"Eu sei como é difícil de acreditar quando há tanta gente ruim...
Eu não posso construir minhas esperanças com base na confusão, na miséria e na morte. Mas acho que o mundo está passando por uma fase. Passará; daqui a séculos, talvez, mas passará. Apesar de tudo, ainda acredito na bondade humana".