Absinto

Quero tanto o aroma dessa flor

que me embriaga

e dela quero ainda a dor

que meu peito afaga.

Sou assim de espera

e fera e acuado.

Sou fado feito samba

e nada.

Meu desejo é cirandar enganos,

tingir matizes, amar raízes

e ser do sal, o gosto e o pecado.

E assim posto procuro o cais

para ancorar meu barco

e volto ainda ao fim,

que do princípio ando ao meio.

Desejo mesmo a flor e, do seu cheiro,

o bem que me fizer bem mais inteiro.

E, no final desse crepúsculo,

terei o lusco-fusco para enfim te embriagar

e ainda outras ervas quero e vou colher,

pois, no fim, bem sei o aroma que virá

e a bebida que vou tomar.

Ando delirando essências!

Marçal Filho
Enviado por Marçal Filho em 04/02/2009
Reeditado em 27/07/2016
Código do texto: T1422091
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