Quarentena
Em tua
lua nua
canta e brilha
o sol
de meu farol.
Nas areias,
às margens;
no compasso da maré,
caem estrelas
e lágrimas divinas.
Cai no tombo
com cadarço ingrato.
Caem escombros, palavras
e cometas,
do céu de nuvens loucas.
Choram noivas,
prostitutas e beatas.
Choram crianças,
enquanto se comete
assaltos e estupros.
Ó, por que
do vivaz inferno
vem a sede de questões?
Estão lá.
E não se queimam por se apagarem.
Por que, do céu,
a verdade me cai?
Em meu colo,
como uma virgem
a implorar mentiras.
Em teu olho
o velho tão caolho
sente e grita
sobre a vida
de nós todos.
Em minh’alma
já me morre
a volúpia animal.
De meus olhos sangram lágrimas
de amores e sal.