Cratera
Um culto a Satã!
Nada se tem
e tudo se dá
no universo
da soneira,
que de mãos
e olhares se afasta.
Porque o mundo
em contato,
paralelo e sonoro,
com seus lagos se espelha.
Frases complexas,
noções de gramática.
Orações sem período.
Corações sem sujeito.
Farta-te de meu sangue,
ó Ramanai.
Pois meu sonhos só se fazem
do contrário que te vejo.
Ao contrário; do que digo
é coisa feia e sem porquê.
Que se faz? -
me pergunto agora.
De quem é
o sabor da aurora?
O café de Marrakech?
O queijo de Minas Gerais?
Os versos,
pontos de interrogação.
As estrofes,
comunhão.
De bem e mal
que não é
errado ou correto.
A vida em questão;
meu amor e paixão são,
em um só coração,
glicerina e explosão.
Deus, agora, me rouba
o momento tão mágico.
Invejoso e indiferente,
me arremessa na realidade.
Pois de só eternidade
não lhe basta em viver.
E, por isso, me quer
ver, na sanidade, enlouquecer.
Nem Deus,
nem o Diabo
sabem nada
de tudo.
Por isso,
não pense
ser o poeta
astuto ao ponto
de cantar mágoas
inventadas no ontem.