O TEMPO DA VIDA

De Regilene Rodrigues Neves

O tempo

Um relógio insano no meu corpo

Rasga minha roupa de juventude

Amadurece minha alma

Expõe minhas rugas

Para a face da maturidade

Minha idade avança

Começo a sentir suas fragilidades

Alguns dissabores amargos

Medos que outrora eu desaforava

Hoje me apavoram!...

A fila da morte anda

Desesperadamente corro para trás

Para que não chegue a minha vez

Por medo e por tudo que me apeguei aqui:

Meus filhos e alguns pertences da minha alma

Que tornam minha presença

Cheia de necessidades...

O tempo me absorve

Em lentas proporções me devora

Sinto-me frágil como uma borboleta

Apesar de voar em minhas asas imaginarias

Meu vôo de ilusões

Está submerso em desilusões

Apegando-me a esse sentimento contraditório

De coragem aparentemente obtusa...

Sou apenas um frasco de perfume exótico

Essência forte que dissipa na pele da minha alma

Exalando a fragrância amadeirada da minha personalidade

Vivo escondida nas sombras de uma aparência íntima

Porque sou um poema que escorre

Cheio de sentimentos... Palavras e letras

Estendidas num varal de sonhos...

A linha do horizonte

Cada vez mais longínqua...

O passado cheio de lembranças e saudades

O presente uma comoção alienada

Ao meu coração cujo ritmo

Acelera descompassado desentoando a canção

De amor que nele tocou

Escorrendo seu liquido de paixão dentro do peito

Que por vezes derrama no papel

E vira a poesia de uma declaração

Cheia de emoção!...

O tempo

Leva-me pelo meu destino

Para trás uma história de vida

Contada em poesia

Para não perder sua essência

Alguns sentimentos resistem

Ainda cheios de amor

Para deixar um aroma

De ternura no ar...

O tempo das coisas

Saciam a vida...

As intempéries

Amadurecem o fruto

Para que seu discípulo

Um dia seja mestre

Aprendendo e ensinando a vida!...

Em 03 de fevereiro de 2009