Alma Lavadeira
Lava-me, ó alma,
Alva, de tamanha palma
E de tão pouca ressalva.
Lava-me
Que embriagado seja
Doce veneno vil.
Arraigado, beija-me
Em posse e tenro desejo ardil.
Lava-me, alveja-me,
Purifica-me... Ó alma!
Lava-me, ó alma,
Dalva, estrela de tamanha calma;
Guia-me e nos salva!
Lava-me
Que embaçado veja
Como se fosse num momento hostil.
Saraivado, deixa-me
Em nobre e bento ensejo sutil.
Caça-me, almeja-me,
Bentifica-me... Ó alma!