VELA BRANCA, ASA BRANCA
Indo para a terra santa,
que na verdade não é terra,
a ave da asa branca,
o barco da branca vela.
Esforçando no vento seus membros
vão se levando ao alto mar.
E criaturas livres sendo
guardam segredos pelo seu ar.
Busca o que, ave solitária ?
Alimento, companhia, solidão,
ou o simples prazer de sair do chão
e fazer inveja ao triste poeta
que te escrevendo vive de ilusão ?
E tu, barco sem remo,
o que queres deste continente alagado ?
Dar prazer ao pescador cansado
ou roubar a beleza do mar ?
E o que quero eu imaginar
ao ver ave voando,
ao ver barco velejar
como de encontro ao infinito
ou à parede do céu no mar ?
Que existem pessoas de lá, para cá olhando.
Pensando aqui tudo terminar.
Como um segredo que não se pode revelar.