AQUIESCÊNCIA
O entoar de um canto sereno
Leve mantra verde da mata esquecida
Traz memórias há muito sumidas
Dá a alma um descanso agitado
Pelo passado deletado
Esse canto perene que vem e vai
Ao léu traz saudade do que não se teve
Dos sonhos que não se viveu
Da esperança órfã que morreu
Doce cantar do uirapuru
Lembra a morte honrosa de uma brava alma vermelha
Esse canto de coruja
Nada mais que um pio solitário
Transporta o destino dos ofertados
Reaviva a esperança debilitada que no holocausto se via
Esse canto de rouxinol
Faz nascer à vontade de se cantar na morte
De se conformar com o depois
Esse canto que canto
Nada é que tentar aceitar aquilo que não sei como será
Canto apenas porque para além das águas nada se pode deter