AQUIESCÊNCIA

O entoar de um canto sereno

Leve mantra verde da mata esquecida

Traz memórias há muito sumidas

Dá a alma um descanso agitado

Pelo passado deletado

Esse canto perene que vem e vai

Ao léu traz saudade do que não se teve

Dos sonhos que não se viveu

Da esperança órfã que morreu

Doce cantar do uirapuru

Lembra a morte honrosa de uma brava alma vermelha

Esse canto de coruja

Nada mais que um pio solitário

Transporta o destino dos ofertados

Reaviva a esperança debilitada que no holocausto se via

Esse canto de rouxinol

Faz nascer à vontade de se cantar na morte

De se conformar com o depois

Esse canto que canto

Nada é que tentar aceitar aquilo que não sei como será

Canto apenas porque para além das águas nada se pode deter

Deborah Mahara
Enviado por Deborah Mahara em 31/01/2009
Reeditado em 31/01/2009
Código do texto: T1415255
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