Balada do Encontro

Caminho pelos caminhos

Pelas ruas da cidade

Aço frio, vidro cortante

Concreto cinza, pálido

Luzes apagadas, cálices caídos

Na noite mais do que gelada

Uma garoa fina

Molha mais do que o mar

E o vento rápido

Corta o rosto como navalha

Não há mentes nem pessoas

Não há sonhos no ar

Nessa madrugada cheia de medo

E eu caminho...

Caminho e procuro

O brilho dos seus olhos

Em cada esquina, em cada beco

Pobre coração dilacerado

Arrebentado

Que bate embalado

Pela nona sinfonia que ecoa

A garoa se encorpa, cresce

Alimentada pelas distâncias

E a chuva se cria

Lá vem água, molhada, desprevenida

Invadindo a cidade fantasma

Encharcando meus pés

Pés que me levam

Que procuram minha felicidade

Ensinando-me a cortar caminhos

E chuto o aço para o espaço

Quebro o vidro sem sentido

Arranho o concreto com as unhas

Desalinho a cidade vampira

Água de chuva e sangue escorrem

Lavando tudo e colorindo os bueiros

Acendo luzes nas esquinas

Incendeio postes

E ando, e corro e procuro

E acho seus olhos

Encontro você

Deusa da minha noite

Senhora dos meus sonhos

Totalmente minha.

O vento pára

O mundo não gira mais

Pára a chuva

Não há mais medo

Meus pés sossegam

Minha boca beija a sua

Flores se abrem

O amanhã se anuncia

Num primeiro raio de sol

Que saiu dos seus olhos

Lindos...

Renato Baptista

http://academiadapoesia.blogspot.com

Renato Baptista
Enviado por Renato Baptista em 31/01/2009
Código do texto: T1414776
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