CHUVA E LÁGRIMAS

Algumas gotas de chuva

caíram, ontem e hoje.

Tiveram o sabor e o aroma

de um fino licor.

Gotas, quando caem,

penetram o seio da terra.

Fazem lembrar dos amores

e de suas lágrimas.

Quando caíam, atingiam

a nossa alma.

Como a chuva, liberavam

estranhos aromas.

Aromas que até então

não distinguimos.

Apenas persistem impregnar

saudosas lembranças.

Lembranças e aromas confundem

amores e ventres.

Nascemos de cios e crescemos

cheirando suas essências.

Fossem eles frascos de licores

e perfumes exóticos

de cujas gotas nos embriagamos

liberando desejos.

Vivemos viciados em aromas

estranhamente contidos.

Provamos sabores, entramos em cio

voltamos ao ventre.

Deitamos em colos, cheiramos úteros

como a terra cheira a chuva

que germina a semente, flore a dália

e aveluda as pétalas

que atraem as abelhas, dá-nos o mel

como o amor dá-nos a vida.

Pois quem de amor

um dia se embriagou,

quando chove entra em cio

e sente aromas de ventres.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 30/01/2009
Reeditado em 30/01/2009
Código do texto: T1413751