ÁGUIA
Já derramaste teu enfado.
Agora já não é o que eras.
És a argila num formato
silencioso – uma capela
sobre um cimento humilhado.
Teu caminhar penoso trouxe
a tua essência mais sublime,
Revelando o que estava sobre
a casca formada em regime
aberto, onde o puro odre
resguardava este vinho firme,
o qual agora em ti transborda,
como nas pedras de um riacho
as águas recobrindo as bordas
de teus olhares, e os estilhaços
de dores flutuassem e as cordas
puxassem todo o bagaço.
Agora és um novo ser.
Qual águia que renasce e vai
para além de um lugar qualquer,
e risca as sombras dos murais
celestes, risca as sombras que
se estendem nos teus ricos ais.
09. 10. 08. Feira de Santana, Ba.