Todas as coisas são do mundo
Tudo que é meu devora-me sem me ter
por displicência consciente ou por querer.
Nem me tenho, então não tenho nada!
Todas as coisas são do mundo.
E este mundo não é meu.
Da brisa fria em minha fronte:
provêem todas sementes delirantes
que apesar, de me terem, não são minhas!
Dilúvios brandos colorem o céu:
reféns da auto-vida que se passa
nos tapetes de vitrines intocáveis.
Tudo que se passa lá fora não é meu!
Nem corações que aos prantos choravam,
fingindo ter o que não tinham, por aquilo
que não era seu e que não era de ninguém.
Pois, todas as coisas são do mundo.
E este mundo é todo seu!