DIETA

Pela manhã

não haverá comida.

Dar-te-ei uma poesia

frigida.

Talvez, no almoço

uma prosa

cozida.

À noite

um conto

valendo um ponto.

Pela madrugada,

havendo fome,

comerás teu homem.

Somarás,

todos os dias

nesse regime

todas calorias

até que se redime

de comer

televisão.

Luciana, Faustão,

toda essa praga,

Gugu, pastelada,

Ana Maria Braga,

Big Brother, sertanejada...

Terminarei teu vício

cantando Jobim,

Betânia, Vinicius,

Bethoven, Chopin...enfim,

recitarei Neruda,

Pessoa, Drummond

de Andrade,

Manoel Bandeira...

Em Passargadas

reinarás de verdade...

Numa tarde, durma.

Que acorde, talvez

depois de um mês

longe da turma.

Mastigarás poesia

quando devorares

teu poeta.

Na manhã desse dia

ao acordares...

terminarás a dieta.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 29/01/2009
Código do texto: T1411307