DIETA
Pela manhã
não haverá comida.
Dar-te-ei uma poesia
frigida.
Talvez, no almoço
uma prosa
cozida.
À noite
um conto
valendo um ponto.
Pela madrugada,
havendo fome,
comerás teu homem.
Somarás,
todos os dias
nesse regime
todas calorias
até que se redime
de comer
televisão.
Luciana, Faustão,
toda essa praga,
Gugu, pastelada,
Ana Maria Braga,
Big Brother, sertanejada...
Terminarei teu vício
cantando Jobim,
Betânia, Vinicius,
Bethoven, Chopin...enfim,
recitarei Neruda,
Pessoa, Drummond
de Andrade,
Manoel Bandeira...
Em Passargadas
reinarás de verdade...
Numa tarde, durma.
Que acorde, talvez
depois de um mês
longe da turma.
Mastigarás poesia
quando devorares
teu poeta.
Na manhã desse dia
ao acordares...
terminarás a dieta.