Minhas palavras alheias
Eu não criei as palavras
Apenas fiz uso delas
Ás vezes, elas também me usam.
A palavra mágoa, que machuca, tento esquecê-la.
A palavra esperança, corro, corro... Será que um dia a alcanço?
Lágrima, palavra que lava minh’alma.
Poesia, quem a inventou também descobriu a palavra dor.
Palavras gostosas: Abraço, amizade, alegria, saudade, mel, lua
natureza, dia...
Palavras respeitosas: Mãe, Deus, família, universo, filhos...
E as palavras tortas? Inveja, rancor, doenças, dissabor.
Doces, salgadas, gostosas, lambuzadas, tristes, acorrentadas
Todas são alheias, as pegamos , pronunciamos, vivemos
Sentimos, comemos, re-criamos, entendemos.
Às vezes as devolvemos, discordamos, rejeitamos, trancafiamos.
E o verbo se faz, in( dependente) de nós
Porque são palavras sem dono, palavras do mundo.
Nem minhas, nem tuas. Correm mundo, alvissareiras ou devastadoras.
Linguagem verbal , subliminar, incógnita, preenchendo pausas do pensamento
Alguns eu gosto, outras odeio, muitas eu amo.
Das minhas palavras alheias, escolho VIDA
Porque nela todas as outras estão contidas.