Teu cantar
Um pássaro canta,
triste e belo,
em minha gaiola.
Suas asas se perdem
por meus ouvidos
egoístas e saudosos.
É criança ainda
e não sabe
o que é o amor.
Verde fruto do desejo
onde não
se nasce a flor.
Quer voar,
quer ir embora.
Tão longe e livre
no crepúsculo e na aurora.
Inocente amor
doente,
que em meus olhos
cria medo.
Intenso amor
vivaz,
que muito se faz
e termina cedo.
Não suma,
meu pássaro ostentado.
Voe, mas venha, às vezes;
não desmanche nosso passado.
Pois a beleza do teu vôo
quero ver sem me cansar.
Mas nunca sem teu canto
pra minha dor afagar.