QUANDO EU CORRIA

Quanta saudade eu sinto!

Da terra molhada,

Da relva verde,

Do sol queimando meus pés ligeiros,

Faceiros,

Pela vida afora.

Das ruas compridas,

Pulando corda,

Jogando bola,

Andando à toa

Aonde o tempo voa.

Ativa e forte,

Correndo ao vento,

Mesmo ao relento

Da chuva fria,

Dos pedregulhos

Pontiagudos.

Quanta saudade,

Invade-me agora!

Quanta ironia!

Relembro tudo.

Até do canto da cotovia.

Do céu azul, do pôr-do-sol,

Das tardes quentes daquele tempo.

Tropeços mil,

Que maravilha!

Burilou-me o ser,

Esculpiu-me a alma,

Fazendo-me assim.

Já não tenho pernas

Para te andar,

Ó caminho,

Pés pra te fazer carinho!

Relvas,

Pedras,

Houve o extermínio.

Agora,

Posso apenas ver,

Pensar, relembrar,

E à noite sonhar correndo

Pelos gramados,

Pelas colinas,

Cavalgando,

Subindo às árvores

Como fazia outrora.

Oh! Saudade daninha,

Que me esfacela o peito!

Mata-me, às vezes,

Pra que eu renasça,

Cada vez mais forte.

Afinal,

Tenho a mente,

Que samba,

Corre,

Cavalga,

Faz rastros pela existência

E ameniza

As intempéries da estrada.

Genaura Tormin
Enviado por Genaura Tormin em 27/01/2009
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