Kill
Soa firme,
forte,
como orgasmos
divinos.
Há algo
que diz
sobre
o fim
e a beleza.
A cascavel
desértica
samba
ao som
de seu
instinto
e chocalho.
Na porta
do bar
abandonado
para um ônibus;
azul e enferrujado.
Só existe
uma pessoa lá.
É uma garota.
Eu a conhecia;
está sozinha.
Me rastejo
novamente a ela
como a cobra.
Ela me disse
ser criança
e que todas
as crianças
estão insanas.
Eu disse
só mais uma vez.
Ela disse
ser a última.
Subi ao ônibus.
Dirigi até sua casa.
Ou minha casa (?),
não sei,
mas lá estavam minha mãe,
meu pai
e meus irmãos.
Parecia um sonho.
Um sonho estranho,
não um pesadelo
como os natais
que ela passou.
Desci do ônibus
e mandei que
ela esperasse.
Entrei em
sua casa.
Passei pelo quarto
de minha irmã;
dormia.
Passei pelo quarto
de meu irmão;
dormia.
Continuei
até o quarto
de meus pais.
Abri a porta
e os vi
como demônios inocentes.
Chamei por
meu pai,
apontei uma arma,
disse que iria matá-lo
e o fiz.
Minha mãe,
tão doce e tenra...
Chamei-a,
ela, já meio assustada,
se recolheu no cobertor
a chorar.
Olhos medonhos
ou medrosos,
não mais sabia.
Disse a ela
que a foderia
com toda a minha
virilidade. E assim fiz.
Mamãe em meu domínio,
a comia como uma vadia.
Algumas palavras
dizia.
Algumas lágrimas
mamãe derramava
Me dirigi
ao ônibus.
Vi minha criança
e demos um fim
em nossa história antiga.
Começamos uma nova vida,
como se deus existisse.