Kill

Soa firme,

forte,

como orgasmos

divinos.

Há algo

que diz

sobre

o fim

e a beleza.

A cascavel

desértica

samba

ao som

de seu

instinto

e chocalho.

Na porta

do bar

abandonado

para um ônibus;

azul e enferrujado.

Só existe

uma pessoa lá.

É uma garota.

Eu a conhecia;

está sozinha.

Me rastejo

novamente a ela

como a cobra.

Ela me disse

ser criança

e que todas

as crianças

estão insanas.

Eu disse

só mais uma vez.

Ela disse

ser a última.

Subi ao ônibus.

Dirigi até sua casa.

Ou minha casa (?),

não sei,

mas lá estavam minha mãe,

meu pai

e meus irmãos.

Parecia um sonho.

Um sonho estranho,

não um pesadelo

como os natais

que ela passou.

Desci do ônibus

e mandei que

ela esperasse.

Entrei em

sua casa.

Passei pelo quarto

de minha irmã;

dormia.

Passei pelo quarto

de meu irmão;

dormia.

Continuei

até o quarto

de meus pais.

Abri a porta

e os vi

como demônios inocentes.

Chamei por

meu pai,

apontei uma arma,

disse que iria matá-lo

e o fiz.

Minha mãe,

tão doce e tenra...

Chamei-a,

ela, já meio assustada,

se recolheu no cobertor

a chorar.

Olhos medonhos

ou medrosos,

não mais sabia.

Disse a ela

que a foderia

com toda a minha

virilidade. E assim fiz.

Mamãe em meu domínio,

a comia como uma vadia.

Algumas palavras

dizia.

Algumas lágrimas

mamãe derramava

Me dirigi

ao ônibus.

Vi minha criança

e demos um fim

em nossa história antiga.

Começamos uma nova vida,

como se deus existisse.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 27/01/2009
Código do texto: T1406930
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