Fulana ingrata
Tão sutilmente teu mal me procurou
quando meu coração nascia
e o meu amor era uma criança.
Olhei em teu olhar quase perfeito
mascarado de ogra.
Te amei e tudo o que era teu.
Sofri porque o teu primeiro abraço foi de espinho
e tua voz era lança afiada,
tua alma um horrendo burburinho,
mas mesmo assim te amei.
Maturei em ti o que em mim era bom
para que apenas em um coração nós nos amássemos
e tu e eu, eu e tu, duas almas fossem apenas uma.
Amei o que em ti era para ser desprezado,
mas, cego e apaixonado, não te vi desnuda
deste maior pecado que não te deixou ser pura:
tua ingratidão!