Acangatu
Sou apenas um poeta,
ajunto as penas,
que caem ao chão.
e são da grande ave,
que abre suas asas,
em qualquer direção.
Voa com o vento,
carregando consigo,
a história dos tempos,
que remotos estão.
O galardão é sereno,
Mas ainda lembro,
Quando o mundo era pequeno,
Foi o longo aprendizado.
Já fui timorato,
hoje não mais,
caminho assustado.
Sou apenas um índio,
carrego comigo cores vivas,
antigas, de outras vidas.
Acangatu é o guerreiro,
que se protege, por vezes,
no denso nevoeiro,
que perfaz o rio e o oceano,
em seu incansável remanso,
vai e vem das ondas.
(*) Publicada em O Menino e as estrelas, 2003