Paciência de Amor

Sobras de pó

se escondem

nos monturos que

fazem das lembranças

a ocasião sem vultos,

o momento sem olvidores,

e a dor como onipresença.

E quando a festa começa

servem-se o vinho,

armam-se os coldres,

os fantoches rodopiam

ao cinzel da lona.

O laço faz o botão

e guerreiros armênios

pousam suas carquilhas

na palha-de-arroz.

Não há mais nada de nobre

em tentar reconciliar

a pólvora com o fogo;

ela, dizimada, afogou-se

em lembranças do ninguém;

e ele arredou-se para o doce

canto dos pássaros que já

não se fazem

altivos.

Pois a chaga faz o ardor e

rebuliça as asas feridas.

E se foi uma história de duas

argolas:

ela não nasceu prá ele,

e os céus cinzentados

mostraram que ele

se perdeu dentro de

seu próprio tempo!

Frutos de um tempo que machuca!

Faz-se uma comunhão de

dores e pesares,

dores e costados de feridas.

E ela parte prá seu lado,

sem colo,

e e ele caminha

em direção de qualquer

parador.

Paciências de amor !

Agora, onde existe a sombra

guarda lá sua guarita.

Ela? Perdeu-se

ao vento, o mesmo

que acaricia os pessegais!

José Kappel
Enviado por José Kappel em 17/04/2006
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