BOTEQUIM
para quem convive neste mundo
com tantos senhores, com tantos Deuses,
disfarço linhas mal-traçadas
das preces mal-rezadas
pelos mortos
que mergulharam na terra sem ladainhas
neste mundo de ficar.
Viver é uma cachaça sublime:
bebe-se no primeiro gole da esquina!
para quem convive neste mundo
com tantos sérios, com tantos palhaços,
dôo tantos risos for a graça
da felicidade ida a sério
para a boca
que esconde as cartas seladas de língua
pro mundo da farsa.
Viver é uma cachaça sublime:
bebe-se no primeiro gole da esquina!
para quem convive neste mundo
com tantos presentes, com tantos ausentes,
resolvo querer – até – reencarnar
nos vivos dos países longe
sem passaporte
que libera minha vontade mais chinfrim
de num botequim morar.
Viver é uma cachaça sublime:
bebe-se no primeiro gole da esquina!
para quem convive neste mundo
com tantos silenciosos, com tantos espalhafatosos,
decretos de uma nova Lei Falcão
em meio a futebol e festas
de rouquidão
para os que bebem até o álcool do perfume
neste mundo ainda de pé.
Viver é uma cachaça sublime:
bebe-se no primeiro gole da esquina!
para quem convive neste mundo,
nem tão sólido, nem tão líquido, nem tão gasoso,
com tanto limites e espaçoso,
mato a sede do santo
de um gole
e como e inspiro, até a hora de me embriagar
neste mundo sem suspiros.
Viver é uma cachaça sublime:
bebe-se no primeiro gole da esquina!
para quem convive neste mundo,
aprenderá a conviver com todo e qualquer humor,
do dono deste botequim
[bendito ou maldito]
onde, às dez da manhã, copos e pratos acordarão na mesa
quase posta
deste mundo de “valha-me Deus!” .