MEUS PÉS
Antes eram andejos,
Faceiros, travessos.
Cheios de trejeitos dançarinos.
Um belo dia,
Cansaram-se das travessuras.
Recolheram-se à clausura.
Quietos, inertes,
Dormem tranquilos.
Com graça e beleza,
Enfeitam-me a silhueta.
Ainda calçam sandálias,
Sapatinhos, tênis
E até um saltinho.
Meus pés!
Fico contente por tê-los,
Vê-los juntinhos, bem tratados.
Unhas feitas, meias finas...
Às vezes acho-os sensuais...
Ainda cruzo as pernas,
Numa postura elegante.
As mãos são cúmplices
E dividem tarefas,
Ajudando-os a se exibirem inteiros,
Felizes.
Ah, meus pés!
Como vocês cresceram,
Agigantando o meu coração,
A capacidade de pensar grande,
Seguir em frente
E caminhar com a mente
Leve, livre e solta.