Eu, o mar, tu és a lua
Por que te finges de náufraga
Coberta de dor e desespero?
Dentro de mim há um mar
E as suas ondas estão revoltas.
O mar sente a atração da lua.
Tu és a lua, eu sou o mar!
Lua cheia, mais bonita,
Mar sombrio, sonhador.
Os olhos do mar estão eclipsados...
Tu és a lua, eu sou o mar!
A meiguice da lua
Ofusca a soberba do mar...
Por maior que seja,
O mar é governado por ela.
E por maldade,
Os raios da lua clareiam as vagas
Deixando ver a branca espuma,
O verde ondulante.
E a lua sorri...
O mar está louco!
Quisera ele banhar a lua,
Mas ela está muito distante...
Coitado do mar!
As suas ondas são lamúrias,
As suas espumas são lágrimas.
O mar está louco e a lua sorri.
O mar e a lua... coitados...
São vítimas do cruel destino,
Que de ninguém tem dó.
Enquanto isso, calados,
O céu e a terra observam.
Eles são dois amantes. São felizes.
Encontram-se sempre no horizonte.
Só o mar e a lua não se encontram.
Pobre mar!