Jogo ao vento, mas o vento devolve
Tempestades ao céu,
joguei tudo pro alto..
Caminhei sozinho, ao léu
e como louco, tomado de assalto,
destapei-me do veu.
Aquele céu, já cinzento
completou-se com o vento
que atirei para cima
e foi toda esta rima
que permiti-me fazer.
Tempestade armada,
uma sinfonia engasgada
que eu teimo em cantar.
Como querendo espantar
cada vento que insiste em soprar
dentro do meu coração.
As janelas fechadas,
cada porta da casa, trancada.
Solidão estampada
em poesias que faço.
Um total descompasso
da ilusão e o real.
Tudo parece tão igual
Essa angústia, esse mal
que jamais se resolve.
Jogo para cima, ao vento,
mas o vento devolve.