Anjos e sonhos
Divino sono, sonha-me feliz
mesmo sendo tu um doce anjo
e eu uma amarga e débil meretriz.
Divino sonho, acorda-me depressa
antes que o sono desperte-me nessa frecha
por onde a luz beija-me todos os dias.
Divino Anjo, qual o sabor melhor
que preenche o paladar de tuas asas
quando me encontras totalmente acordado?
Nem tão divino é o fim deste poema,
que me rouba a razão, ilude a cena
e de divino tudo me evoca,
do olho à roupa,
do coração à cama,
como se sonhar fosse pecado
e ter asas, ser um doce anjo bem regado
iludido a iludir a vigília do mundo.