quando escrevo poesia
nao guardo rancores
de nenhuma mulher
ou de ex-amores
o que tenho de magoa
nao enche sequer
um copo d'agua
nao acumulo tristezas
nao coleciono saudades
nao tenho armarios repletos
nem gavetas trancadas
a mim me basta
a roupa do corpo
algum conforto
e sossego
so' preciso da vida
o ar que respiro
e se eu me firo
amenizo a dor
de dentro do peito
cicatrizo a ferida
e sem medo
parto logo a fim
de outro amor
mas surpreso
descubro em mim
um pequeno defeito
que de certo modo
ja' virou mania
sempre minto demais
quando escrevo poesia