SOL DA MEIA-NOITE LUA DO MEIO-DIA
Vagando nas trevas da luxúria
Me encanto com o cheiro da morbidez
Dos corpos que vivem na insensatez.
Meu veneno peçonhento é minha fúria
E o poder de humilhar é minha glória.
Meus passos estão lentos, presos aos grilhões
Que arrasto, e finjo que luto contra as paixões
Mas é delas que me alimento
É por elas também, que eu lamento
Quando meu coração sangrento
Não sente o amor
E desconhece o doce sabor.
E então, espalhando o terror
Com sina de transformador
Deixo nos corações o sufoco da dor.
Meu corpo se entrega a outros corpos.
Mas minha alma não, ela é apenas a ilusão.
Eu gozo na traição.
Em fim, sou um escorpião.
Vivo na noite escura
Desconheço toda a brandura
E fujo com bravura
Da alma alva e pura.
Sou o Sol da meia-noite.
Ela a Lua do meio-dia.
Que agonia...