Fim de papel
Pensei um dia que poeta eu fosse.
Comédia, piada de mau gosto.
Poeta, eu! — Tolice juvenil.
Não, não sei escrever. Poetar? — sonho.
Destruo minhas blasfêmias,
É melhor acabar com elas agora,
Antes que tarde seja e outros, por descuido,
Deixem seus olhos caírem nessas mal traçadas linhas.
Prefiro brincar de escritor,
Como não tenho o talento, brinco.
Ninguém pode, deve saber dessa existência infame,
Eu seria motivo de gargalhadas.
Não, devo parar antes que tarde seja
E meu veneno alguém mate...
Devo acabar com as injúrias
Indelicadas que borro no papel.
A caneta pára, não foi feita para tal.
O papel às vezes tem fim trágico,
Este, por exemplo, terá o fim — visceral,
Estomacal,
Anal.