BAHIA, MINHA PAIXAO VERDADEIRA!
Amores, paixões na vida, a gente tem muitas, mas nada comparável ao amor-paixão do nosso time de futebol do coração. Time, a gente não escolhe pra se apaixonar, se acomete. Meus irmãos são tricolores, Fluminense, do Rio, é claro desde os tempos de Castilho, Cacá e Pinheiro, Clovis, (falta um centro-médio que esqueci o nome) e Altair, Telê, Valdo, Léo, Robson, Escurinho...Era assim que se escala um time!
São Paulo, de Mauro, de Serginho Chulapa, hoje, Rogério Ceni.
Enfim, sou tricolor onde houver time tri-colorido! Fortaleza, Santa Cruz, Grêmio, etc...
O time muda de jogador, técnicos, presidentes, diretorias, fase boa, má fase. Campeão, vice, lanterninha, primeira, segunda, terceira divisão. Torcedor não entende, somente quer ser campeão, o vice não serve pra nada, só vale a goleada, o artilheiro, a defesa menos vazada, bola na rede, gol de placa, pode até jogar mal, atirar pedra em santo, mas tem sempre que vencer. É vencer ou vencer! Vencer e vencer! Há sempre que vencer!
Dirigente descarado, cartola, ladrão! Afinal vencer é paradigma de quem quer ser campeão!
Tricolor de coração. As três cores do meu time falam mais alto dentro de mim que as multicores do arco-íres, nas três cores da bandeira da minha terra, do meu estado de espírito, minha terra Bahia: azul do céu da Bahia, vermelho do meu sangue e paixão, rio que corre dentro em mim e o branco, de pureza da alma. Bahia, Bahêa, Bahêêêa! Meu grito de guerra pra “assustar a coragem da inimiga”. Nunca de ‘núncaras’, de nunca jamais, de São Nunca de tarde, fosse de domingueira ou noite de quarta-feira ou qualquer dia santo, não tem um dia que esse amor, essa paixão tivessem sido maculados, campeão ou derrotado: é Bahêêêa!
Brasileiro, nordestino, baiano, antigamente, para se ser brasileiro valoroso teria de nascer no Rio de Janeiro ou São Paulo e todo rio e oceano corria pros dois estados. O futebol brasileiro, a seleção brasileira, só craques do eixo Rio - São Paulo.
Aí, o meu time começou a mudar essa história, quando em 1959 tornou-se o 1º Campeão Brasileiro da Taça Brasil. Contra os times do norte e nordeste, debulhou grão por grão e se classificou para a semifinal contra um dos dois times que formavam a base da Seleção Brasileira campeã do mundo e a se tornar logo logo, bi. Primeiro o Vasco da Gama carioca, onde jogava Bellini, capitão campeão da Copa do Mundo de1958, na Suécia e Orlando e Vavá, entre outros. Depois, chegou à grande final, contra o super time do Santos, a outra metade do ‘escrete’ canarinho, com Pelé, o melhor de todos os jogadores do mundo em todos os tempos & Gilmar & Lima & Zito & Mauro & Coutinho & Pepe & Dorval & Mengálvio, e sei lá...
Era assim, o fim do mundo e o nordeste, pela Bahia e com o meu time Bahia chegando junto é pouco, passando, ultrapassando, atropelando o que havia de melhor, de mais profissional no futebol brasileiro. Aqueles meninos amarelos: Nadinho, Beto (Hélio Clemente), Henrique, Flávio, Vicente e Florisvaldo, Marito, Alencar, Léo (o mesmo do Fluminense acima), Mário (Ary) e Biriba. E novamente: Bahêêêa! Bahêêêa! Vambora, Bahêêêa!
Mas antes desse feito fantástico, me acostumara com um time que “nasceu para vencer”, que foi o campeão invicto logo ali, 1931, sua fundação, no primeiro campeonato baiano que disputara. Campeão invicto, também na mesma época, vencedor do Torneio Início daquele mesmo campeonato.
O inimigo mais próximo, o vermelho e preto, que eu chamo de Esporte Clube Vitória do Bahia ou que outros chamam de ‘vicetória sem história nem estórias’, terá que levar muito tempo para chegar perto dos nossos títulos e troféus conquistados.
O jogador mais completo que já assisti jogando, não foi Pelé, nem Garrincha, nem Didi, nem Di Stefano, nem Puskas, nem os Ronaldos!... Ele se chama Marito, ‘o diabo louro’. Veloz, driblador, goleador, cabeceador, apoiador, gana, garra e não envolvia como hoje, a grana ou era pouca... O grito de guerra de “vambora Bahêêêa!” misturava-se com “Vambora Marito!” nas arquibancadas da Fonte Nova, o templo, o oráculo da torcida tricolor.
Ah, e depois, mais, muito mais vezes, “quaraquaquá” vezes campeão baiano, tantas outras vezes, campeão do norte e nordeste.
Jogadores inesquecíveis meus personagens, meus ídolos para todo o sempre: Carlito, Wassil, Aduce, os goleiros Jair, Haroldo Cafezalli, Nadinho e Butice; Juvenal Amarijo, e Ronaldo Passos. Henricão, Marito, Roberto Rebouças, Eliseu, Sanfilipo, Douglas, Picolé, Beijoca, Dada Maravilha, Nonato, Bobô, Charles, Leguelé, Zanata, o magnífico Baiaco...
E para quem pensou que parava ali, veio o ano de 1988. Novamente campeão brasileiro, desta vez contra o Internacional de Porto Alegre. E os novos heróis: Ronaldo Passos, Bobô, Charles, Luís Henrique, Zanata, etc.
A dor da CBF é tanta que tempos depois não querem reconhecer os dois títulos nacionais vencidos por nós, mas as 2 estrelinhas permanecem lá no escudo ao lado esquerdo da camisa gloriosa do virtuoso Bahia.
Dirigentes fantásticos e fanáticos como Osório Vilas Boas e Paulo Maracajá, os únicos dignos de se lembrar, de serem citados.
Hoje, o time atravessa uma fase terrível, amargando uma Série C ou uma terceirona, como queira, do futebol brasileiro, mas a paixão persiste.
E eu já disse até: o time da gente é a única, a verdadeira paixão, pois as demais passam, a gente ama uma mulher, deixa de amar, pode até tomar um corno, separa, esquece, mas o time da gente pode nos fazer sofrer, mas nunca deixamos de amá-lo, a gente nunca esquece. Que nem comercial de sutiã: o primeiro time é único, a gente jamais esquece!...
Ser Bahia devia ter registro na cédula de identidade, no meu caso, na certidão de nascimento, pois sou Bahia antes até de ter sido gerado.
Sou Bahia tanto quanto sou baiano e amo a minha terra, então como torcer contra o time que é o nome do estado onde nasci e que tem a mais bela paisagem do mundo, no seu extenso litoral, céu azul de dar inveja a astronautas como Yuri Gagárin? Tem as cores da bandeira do nosso estado. Ser Bahia e ser baiano – estado único de espírito.
Quem não é Bahia não merece ser baiano! Pode até ser capixaba!
Pra concluir eu brindo meus leitores, mesmo não sendo tricolores com a poeisa a seguir:
BAHÊÊÊA... ATÉ VIVER!
Na vida tudo é possível,
a vida é muito dinâmica,
se temos visão panorâmica!
Mudamos de casa, de lar,
trocamos de amor, profissão,
de partido, de credo
e em assim sendo, de religião,
só não mudamos as cores
do time do coração
Na Bahia, sou multicor...
no futebol, sou tricolor.
Bahia nosso estado de espírito
Bahêêêa é Bahêêêa, assim no grito!
Bahia pro que der e vier
Sou vencedor, sou campeão!
Bola no pé!
Bola na rede...
grito de gol!
Rito de fé.
Dos campeões, sou o campeão,
de Salvador eu sou o rei com muito amor.
Fonte Nova é nossa praça
[(Fonte Nova: que desdita! Que tragédia! Que desgraça!)],
Mas foi na Fonte que vimos o Bahêêêa muitas vezes campeão
baiano, nordestino, brasileiro (único no nordeste bi - 1959 e 1988)].
Viva a torcida que tem mais raça!
O adversário é como a moda,
ruge, ruge, logo passa, não incomoda.
Nosso Bahia é invenção de Deus,
que o inimigo inveja e então
fica querendo ser Bahia?...
Êta timinho sem glória!...
Vixe! Vixe, Vicetória!
Não descobriu que ser Bahia
é tradição é ter história!
Bahia é sinônimo de vitória
Vitória é a capital do Espírito Santo
Bahia é estado de espírito e de encanto.
VOMBORABahêêêêêêêêêêêaaaaaaaaaaaaaaaaa!
Serrinha,24/05/2007.
Antônio Fernando Peltier