O INFERNO DO CÉU

O INFERNO DO CÉU

Em parte somos feitos mais de sonhos

e em parte mais de morte e pesadelos...

Em parte entre conselhos de serpentes

que mentem como a face dos espelhos.

Flores não sangram sob seus espinhos.

Rosas nem sabem quando vão morrer...

Calam-se os ninhos quase indiferentes

se é para sempre quando amanhecer...

Amor é dom que não celebra a morte

é a flauta gêmea das canções da vida

que suaviza como o êxtase das almas

e acalma o coração que ainda agoniza...

Não há inferno onde um grão de amor

viceja em forma de uma flor qualquer...

Ah, luz do arco-íris dos portais do céu!

Oh, véu da flor de quando o amor vier!

Inferno é a dor que queima sem amor.

O amor é fogo que arde sem queimar.

Amor que amarga e dói e permanece.

Chama que a alma aquece sem tocar.

Malgrado tudo existe essa esperança

de que o sonho de luto dos enfermos

seja apenas lembrança desse inferno

que jaz eterno dentro de nós mesmos.

A. Estebanez

Afonso Estebanez
Enviado por Afonso Estebanez em 21/01/2009
Código do texto: T1396935
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