Essa coceira na mão
Tanto tempo perdido,
em que andei escondido
da minha própria procura,
e numa quase loucura,
esqueci de viver.
Esqueci de escrever,
o meu grande prazer.
Escondido no peito,
não encontrava mais jeito
no que queria dizer.
Tanto tempo distante,
nesse andar vacilante
de quem perdeu o caminho,
caminhando sozinho
sem destino, errante.
Agora, olhando para trás, daqui onde estou,
não vi as respostas que tanto busquei.
E as marcas que deixei
no caminho, o tempo apagou,
não se pode mais ver
folhas em branco no chão,
e essa coceira na mão
para voltar a escrever.