Desabafar Poético - XXVIII
"Segunda Canção"
Por ti fecho os olhos co'a noite,
Escuridão que brilha no anseio da espera
De tantas promessas de desconhecida aurora,
Tu deixaste as margens das palavras um vácuo ilusório.
As alegrias efêmeras cobrem o pranto fraco
Que tristes espiritos plantam incautos
bem ao fundo do meio-dia transparente
Onde o vapor ébrio das noites ainda é real.
As marcas de flagelo no corpo deflagram
Todo um choro semelhante e inesquecido...
Toda marca vil de maquiagem suja revela
A cor da alma imunda, lasciva e bela...
Com os pés elameados de vômito
Subindo paredes sempre inauditas
Que clamam por uma porta sempre fechada
De ouvidos rotos e gargantas surdas...
- Tu não há de me ouvir!
É um presente fraco, um passado forte
É todo aquele meu antigo lamento à morte...
É aquilo que a alma não há de esquecer!
- Entretanto de vistas turvas... não vê.
Mas se o sonhador ainda tem um lar,
É no delírio! Este vicio de sofrimento.
E se este débil ainda canta seu lamento
Pois é por sempre e ainda te amar.