Não quero escrever minhas lágrimas
C'o as minhas penas eu não traço linhas.
Eu não quero escrever minhas lágrimas.
Lágrimas, penas tão somente minhas
Não sei descernir em minhas páginas.
Há um celeiro aqui, no meu interno
De uma desmesurada conjuntura.
são entrelinhas deste meu caderno
Bem guardadas em forma de moldura.
Se estou aqui e o meu olhar inerte
Enquanto a chuva são pingos de vida
Vou rabiscando em linhas um verbete,
E gota a gota minh'alma é despida.
Minha pena que teima num versejar
Procura, aquela rima mais singela.
Sem penas, sem lágrimas a marejar,
Minha pena só quer a flor mais bela.
Prostrada, olhar fitoso de esperança,
como o filho pródigo, nasce a aurora.
traço linhas, com preserverança
Nestes versos, um renascer me aflora.
- 2009