Verso Colhido em Campo Diverso
Alimentando uma estrofe
regando uma semente de verso,
uma esperança de rima,
me vi em terreno alheio,
e o terreno alheio me viu.
Num repente, pausa no tempo,
o barulho do rio quase sumiu.
Ficamos ali,
imersos num breve e volátil silêncio,
eu e o terreno,
alheios a tudo.
Com as mãos da idéia
lambuzadas de barro alheio,
fui capturado pelo momento
em mal calculada situação.
Mergulhei envergonhado
minhas abusadas mãos no rio,
e alheio aos comentários
que não germinaram
no terreno que se fez de alheio,
colhi no vento uma carona
e voei.
De volta a mim mesmo,
me dei conta de ainda ter nos dedos
um restinho daquele solo alheio.
E um poema plantei.