ACEITOS
Agora,
aceitas um pouco mais
meus defeitos e minhas exatidões;
teu olhar,
cada vez mais cativo,
que me vê entrar suado e sair cheiroso do banho:
aguarda-me!
O tempo de rasgar a roupa em insanidade
é coisa do passado:
foi brincadeira da paixão.
Mas a nudez dos corpos e das almas,
preservada em intimidade de meninos,
sabe que soubemos escolhermo-nos certos
para falarmos, cada vez mais, de amor a sério,
para compormos a planilha de custos da casa
e para catarmos frutos achados ao acaso.
O instante de despirmo-nos sem compostura
não é privilegio do amor em juventude,
é um doce presente da loucura
que nos deu olhares,
cada vez mais pasmos,
para que eternizássemos a beleza da nossa nudez:
quanto mais envelhecida, mais ansiada.
Agora,
aceito, um pouco mais,
tuas imperfeições e teus conceitos.