O Contraste

O Contraste

O ritmado toque do comboio,

Quebra o fio da mente,

E o corpo, caído e dormente,

Fica num compasso de espera,

Entre o deserto e o oásis que me espera,

E o doce aconchegar das ideias,

De vontade, e de alegrias a meias.

Revisita-me o surto do inesperado,

A espaços, torna o inusitado, num hábito,

A escrita escorre delineando o caminho,

E as letras, formam as asas do destino,

Um voo sobre o ilhéu da teoria da evolução,

E o pensamento, a olhar a tua mão,

Estendida sobre um lençol verde, da esperança,

Ou em ritmadas coreografias de dança.

Neste contraste, já fui de tudo um pouco,

Lírico, fútil, palhaço e louco,

Numa vida parca de sabores,

Com o amargo do fel ou o doce dos morangos,

Cantando o triste fado, e dias de gloriosos tangos,

O contraste que persegue o meu caminhar,

Onde tropeço e logo ganho asas para voar.

Nenúfar 10/1/2009