Uma linha concreta
Eu não quero suas linhas supérfluas
Não me dê mais o que escrever:
Minhas mãos, cansadas, não se encantam.
Essa borda enfeitada,
Esses desenhos entrelaçados,
Não é isso que eu quero.
Essas cores tão vivas,
Essas linhas que se tornam, depois, objetos,
Não é isso que desprezo.
Cansa-me, em verdade,
Produzir o que nunca será meu:
Não sou dono das realizações de minhas linhas.
(A máquina de costurar, desconfiada, olhou-me:
“Que seria de mim sem tuas mãos?”)
É o que seria de minhas mãos sem tu, máquina de costurar,
Que me condena.