Mulher
Mulher
Mulher sim, indiscutivelmente fêmea.
Sem vergonha de seguir seu instinto,
Sem pudor de viver seu desejo,
Sem medo de carregar sua cria,
Com coragem de fazer sua vida,
no dia-a-dia da batalha.
Sem fantasmas para brigar com o preconceito.
Sem papas na língua, para não levar desaforo para casa,
Com ventre livre,
Sem lugar igual , ao sol,
Com peito aberto para alimentar a sobrevivência.
Com corpo para acolher
e mãos para dividir o pão.
Mulher que sangra para ser feminina,
Mulher com dor para parir o amor,
E com plenitude para existir.
Mulher de fato e de direito,
Para ser e exercer.
Somos todas,
a loucura e a salvação
dos homens.
Somos todas,
tão fragilmente fortes,
a genialidade ambígua da emoção
e da coragem ,
do mundo que parimos.
Augusta Melo
Para ciranda da mulher
Rio de Janeiro, 2004
LDA 9.160
Brasil