POESIA DE BOTECO ou... ABERRAÇÕES POÉTICAS
Um bebum sabe:
Que a vida carece de cores,
Carece também de amores,
De um monte de coisas sem fim.
Mas tudo fica mais belo,
Todo falso amor é sincero,
E diabo vira serafim,
Basta que se abra a garrafa,
E libere-se o líquido ardente,
Que transforma o calmo e silente,
em herói, , belo e valente,
forte, irresistível e sensual
macho, potente animal,
desejado por qualquer fêmea,
que nele descuide o olhar.
Incha o peito e se inflama,
o pobre bebum, que reclama,
não ser reconhecido como tal.
Infame ser abjeto!
Sai daqui, nojento inseto,
busca guarida sob outro teto,
ninguém te quer suportar.
Vomita teu âmago alcoólico,
recupera teu ar filosófico,
de quem está apenas a divagar.
Expurga teu bafo diabólico
nos confins de quem possa agüentar.
Assume tua alma vadia,
tua existência vazia,
pois não há a quem culpar...
Apenas aos teus fracos planos,
flacidez no viver dos anos,
preguiça de tentar e tentar.
Fica aí na sarjeta,
Lugar adequado e que ajeita,
teu corpo ao que é o teu pensar:
“Vida! De mim terás nada,
Pois nada tenho para te dar!