Carta Chilena
Há lágrimas.
Depois da dor
e das lágrimas,
cai a última gota de sofrimento.
Rasga o véu intocável
da face sisuda.
Desenha costelas
na estrada, outrora, acariciada.
Os olhos que lá habitam
vagam sempre
em busca de outras mãos,
tão suaves e macias
quanto aquelas de Marlene.
(Frustração!)
O amor doente
cega o coração.
O homem doentio
transpassa suas mentiras
no oblíquo estrelar
de rosas cálidas.
Invade lábios, carnes,
inutilmente, sonhando apagar
um passado tão vivo e presente
em seu caminhar
à procura de botecos forquilhos
e bingas abandonadas no chão.
Fecunda novas dores
em inocentes almas,
a descontar seu próprio flagelo;
calvário de um Cristo pagão.
Assassina crianças,
sonhos e feridas,
que não mais serão curadas:
Cicatriz eterna.
Ludibria a ilusão de outrem
e dá cabo a esperança
que poderia nascer,
se não fosse pelo reflexo
de suas palavras peçonhentas.
Desiste, pois,
de renascer verdadeiramente
como uma fênix
de chamas divinas.
Transforma-se em um pombo
negro e sujo,
que voa na direção contrária,
mais alto que o nariz
que aprendeu a empinar por ser fraco.
Chega aos Andes e,
no frio - congelado e febril (poetisse) -,
defeca sobre as cartas extraviadas.
*Inspirada nos fingimentos de um colega.