O CÉU VELARÁ
Amada minha,
[única]
estrela visível em todos os céus,
mulher para qualquer estação do ano,
resolvi acordar hoje
para dizer-lhe:
infinito!...
Hoje,
podemos acordar tranqüilos
e revelar aos que crêem
o quanto valeu
[e valerá]
amar.
Antigamente,
você se escondia num céu de amor antigo
sem distinguir o azul do negro,
tímida, ao máximo, para não provocar
amor aos que da terra poderiam até lhe ver
e por você se apaixonarem quase perdidamente,
tão perdidamente que até os descrentes
acreditariam que saberiam amar.
Conviventes,
contamos as não cinco pontas das estrelas
aprendizes, com o passar do tempo –
até – descobrirmos que ninguém é tão perfeito
quanto os enamorados imaginariam:
mania de arrumação é coisa chata,
mais chato, ainda, é contar histórias sem parar,
se envolver com problemas dos amigos,
mais terrível será
[sem que haja motivos]
dormirmos separados,
embora juntos.
Comoventes,
por mais prolongado que seja o minuto,
somos nós juntos, num só momento
onde, poucos, saberemos da eternidade de um só corpo
que de memória reconhecerá manhãs, tardes, noites
[de cor]
consciente de que o amar no amanhã
será bem melhor que no hoje.
Muito melhor!
Uma legião de anjos pedirá,
no mais silencioso dos segredos,
para revelarmos o mistério das estrelas
que nasceram espontaneamente
sem sexo, fé ou guarda:
sem anjos-de-estrela.
Madurecidos,
nós, espaçosos da casa do céu,
ainda abarrotados de sentimentos tão iguais,
continuamos comuns
qual os namorados exibidos nos passeios públicos,
qual os casais acostumados com a ritual posse;
mas tão diferentes daqueles
do sétimo pavimento
pronto da estrela
no céu,
[indiferente à cor]
Amada minha,
[única]
estrela visível em todos os céus,
mulher para qualquer estação do ano,
resolvi acordar hoje
para dizer-lhe:
infinito!...
Hoje,
podemos acordar tranqüilos
e revelar aos que crêem
o quanto valeu
[e valerá]
amar.